Esta viagem começou com um acidente.
Embora tivéssemos bilhetes de comboio reservados para Hamburgo, com o objectivo de percorrer a margem do Mar do Norte até Bruges, neste dia, graças a um deslizamento de terreno que impediu o trânsito na linha de comboio (perto de Karlsruhe na Alemanha), vimo-nos obrigados a fazer uma mudança de planos de última hora. E foi assim que aprendemos que não serve de grande coisa programar, incansavelmente, cada viagem de bicicleta, pois mais vale ter uma ideia geral do percurso e manter-se extremamente flexível.
E foi assim que aprendemos que não serve de grande coisa programar, incansavelmente, cada viagem de bicicleta, pois mais vale ter uma ideia geral do percurso e manter-se extremamente flexível.
Quem nunca viu In Bruges sem ficar com uma imensa vontade de conhecer esta cidade, onde até o humor negro tem charme ? Assim sendo, não querendo mudar o nosso destino, optámos por apanhar o comboio até Basileia (cidade fronteiriça com a Alemanha e a França) e partir em direcção a Norte, seguindo o Reno.
Tudo começou com chuva, daquela que não perdoa, mas alguns dias depois conhecemos o vento, daquele que move aerogeradores e que arrefece aquilo que já estava bem molhado para começar. Antes de chegar à Bélgica fomos intermitentemente saltando da França para a Alemanha, percorrendo paisagens alsacianas bucólicas e mundos pós-industriais abandonados.



Chegando a Schengen, festejámos a Europa (muito boa para viajantes, menos boa para certas economias), e depressa nos fizemos ao caminho para a cidade do Luxemburgo, onde parámos um dia (de chuva).
Por esta altura já estávamos mais conformados com o tempo, os belgas até têm uma aplicação que indica (ao minuto) quando vai chover e durante quanto tempo. Graças à pontualidade da chuva, acabámos por parar num bar dedicado às outras duas rodas (motas) onde o dono tinha imaginado mudar-se para Faro, e com esta coincidência, antes de voltar para a chuva damo-nos conta que a Europa muito pequenina.

Continuámos Bélgica acima até Bruges. Primeiro pelos montes e vales da Walonie, onde desfizemos o mito de que a Bélgica é plana e depois à beira do canal até Antuérpia, onde ficámos na casa de outro apaixonado de bikepacking, que se ofereceu para nos acolher (via warmshowers).
Chegados a Bruges, onde ficámos alguns dias para conhecer a cidade, fomos presenteados com a admiração da gerente do Bed & Breakfast quando respondemos que tínhamos vindo de Antuérpia de bicicleta (cerca de 120k), sabe sempre bem, principalmente quando, naquilo que me diz respeito, já nem energia tive para ir jantar, uma barra energética teve de chegar.
Depois, depois foi mexilhão, cerveja e batatas fritas!




